Segundo o historiador Matthew Gaetano, Rafael pintou Platão(14) e Aristóteles(15), numa disputa e ali, você consegue entender o coração do renascimento. Nenhum dos dois viveu nessa época mas eram estudados nas universidades, cada qual representando posições antagônicas com relação à FÉ e a RAZÃO, embora Platão tenha sido professor de Aristóteles, que então foi tutor de Alexandre, o Grande.
Há uma linha imaginária divisória nessa pintura, que divide Platão e Aristóteles e cada hemisfério do quadro segue essa divisão. Nota-se, Platão descalço, sem nenhuma exibição material de riqueza, desprezando-a, no que se assemelha a doutrina cristã. Já Aristóteles, está calçado e com alguns adereços dourados. Na pintura, você pode ver Platão apontando para cima, numa defesa da sutil à FÉ argumentando sobre a suprema Verdade, representando os filósofos/teólogos cristãos e transcendentais, e Aristóteles, apontando em frente, espalmando a REALIDADE CONCRETA, na defesa de uma RAZÃO empírica, representando os filósofos de viés materialista, divergindo em questões como a imortalidade da alma humana.
Na Renascença, acadêmicos radicais aristotélicos enfatizaram os conflitos entre a algumas partes da filosofia aristotélica e a teologia cristã, de certa forma influenciados por Averroes (também no quadro, ver nº5) ou Abu al-Walid Muhammad ibn Ahmad ibn Muhammad ibn Rushd para os mais chegados, um filósofo muçulmano (vejam só!). Francisco Petrarca (1304), o filósofo que marcou a Renascença, se opôs aos filósofos aristotélicos e averróistas resgatando então alguns conceitos de Platão, o príncipe da Filosofia, para opor-se à Aristóteles.
Platão foi intensamente revisitado nesta época tendo suas obras completas traduzidas do grego para o latim em 1504, o que possibilitou o resgate de sua filosofia. Esse conflito entre filósofos teólogos platônicos e filósofos aristotélicos averroistas, no coração da Renascença, inspirou Rafael numa das obras de arte mais emblemáticas dessa época, a Escola de Atenas.
Para Chicão Petrarca, aliás tido como o pai do alpinismo por sua subida ao Monte Ventoux enquanto morava em Avignon, “É mais importante AMAR do que SABER.”, em outras palavras, a fé cristã supera a razão ou “Eu prefiro AMAR a SABER” ordenando a FÉ como suprema perante a RAZÃO. Esse grande filósofo da Renascença foi um defensor da Fé Cristã, diferentemente do que se acredita e argumenta que a grande cisão entre fé e razão vem a aparecer com força somente no século XIX e XX.
A Renascença, um resgate da antiguidade e do auge romano, é também um elogio às capacidades divinas nos humanos que, para os renascentistas, tinham uma natureza superior à dos anjos, já que ao fazer a escolha de uma vida de fé e virtudes, superava-os já que estes por sua natureza não haviam optado por ela.
Iniciava-se então o mundo moderno.

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A Escola de Atenas (Scuola di Atene no original) é uma das mais famosas pinturas do renascentista italiano Rafael e representa a Academia de Atenas. Foi pintada entre 1509 e 1511 na Stanza della Segnatura sob encomenda do Vaticano. A pintura já foi descrita como “a obra-prima de Rafael e a personificação perfeita do espírito clássico da Renascença.”
A importância da obra também está em demonstrar como a filosofia e a vida intelectual da Grécia Antiga foram vistas ao final do Renascimento.

1: Zenão de Cítio ou Zenão de Eleia
2: Epicuro
3: desconhecido (acredita-se ser o próprio Rafael)
4: Anicius Manlius Severinus Boethius ou Anaximandro ou Empédocles
5: Averroes
6: Pitágoras
7: Alcibíades ou Alexandre, o Grande
8: Antístenes ou Xenofonte
9: Rafael, Hipátia ou Monalisa, Fornarina como uma personificação do Amor ou ainda Francesco Maria della Rovere
10: Ésquines ou Xenofonte
11: Parménides
12: Sócrates
13: Heráclito ou Miguelângelo.
14: Platão segurando o Timeu (Leonardo da Vinci).
15: Aristóteles segurando Ética a Nicômaco
16: Diógenes de Sínope
17: Plotino
18: Euclides ou Arquimedes acompanhado de estudantes (Bramante)
19: Estrabão ou Zoroastro (Baldassare Castiglione ou Pietro Bembo).
20: Ptolomeu
R: Apeles (Rafael).
21: Protogenes (Il Sodoma ou Pietro Perugino).
Fonte: Wikipedia.